Uma noite, muito carinho

Dia 16 – Deixei as preciosidades da capital argentina e me dirigi mais ao sul do rio platino, para a cidade de La Plata, capital da província de Buenos Aires, para uma noite de estadia.

Por favor, ayúdame

No caminho, dentre os vários pedágios que rondam a capital argentina, por uma distração ou outra, não me dirigi à passagem lateral para motos e acabei entrando no vão de acesso exclusivo para carros. O operador da cancela não pôde me liberar passagem – mesmo com o dinheiro a postos, pois motos passam por outra rampa. Insisti para que me ajudasse a prosseguir, pois os carros logo formaram enorme fila atrás, e não tinha como manobrar a moto para qualquer lado.

No meu clamor para que liberasse meu acesso, o funcionário até saiu de sua cabine e circundou para lá e para cá, tentando uma solução. Por fim – ainda não sei bem como -, ele conseguiu erguer a cancela e, aliviado, segui. Não tive nem como efetuar o pagamento. No fim das contas, envolvido por rajadas de buzinas (o que é muito comum por estas bandas), acabei causando uma certa quebra na ordem das coisas e ainda fui, de certa forma, recompensado por isso. Estranha sensação.

Por fim, à noite, bati à porta da estadia. Um hostel bem equipado, com bons espaços e trâmites eletrônicos. Janta, quietude e descanso. Na manhã seguinte, devo ter ajustado mal o volume do meu despertador e quando percebi, já estava quase na hora do check-out e eu ainda estava na cama. Perdi o café da manhã, incluído no serviço. Tomei uma ducha rápida, ajustei a moto e parti.

Óleo para toda vida

La Plata é reconhecida por seu desenho de cidade. Plana, linhas bem definidas, avenidas diagonais, trens ativos. A olho aéreo, encantadora. À espiadas costumeiras ao painel da Mochileira, nos ponteiros, hora de trocar o óleo da pequena e ajustar a corrente. Dessa vez, decidi não fazer eu mesmo, pois da última (e primeira), sujei rua em Montevidéu, sem os aparatos necessários. No mapa online, busquei uma mecânica, encontrei o Victor.

De imediato, um cara gente fina e solícito. Na calçada, sua moto custom, uma Kawasaki Vulcan 500cc. Me contou de suas viagens ao Brasil e o quanto admira meu país. Buscou o óleo para minha moto em sua casa, a poucos metros da oficina. Ajustou a corrente, passou uma super graxa e me deu boas dicas ciclísticas. Por telefone, falou aos seus dois pequenos para desligar o fogo, que a comida estava pronta. A moto e eu também. Trocamos adesivos e contatos e tomei caminhos para a cidade de Rosário, estado de Santa Fé.

No posto de combustível, as primeiras expressões de espanto para mim, por viajar grandes distâncias em uma moto pequena. Boas vibrações e ânimos. Boa onda da galera do balcão, ótimas empanadas e um sorriso na cara para seguir meu rumo.