Os chãos da Terra como propulsão para a felicidade

Afinal, o que Cortella e companhia qualificada têm a ver com pegar a estrada? Se persistir, darei caminhos. Um dos mais célebres filósofos do Brasil reúne-se com outras feras em seus segmentos: Frei Betto e Leonardo Boff, ambos estudiosos da espiritualidade.

Nestas páginas de ‘Felicidade foi-se embora?’, o comumente discutido vício de pensamento de que a felicidade é algo a se adquirir e então não mais se preocupar, uma vez que os benditos fluídos harmoniosos estiverem sob posse, é colocado à prova.

Leonardo, é contigo

“Comecemos com a nossa Casa Comum, a Mãe Terra, pois é precondição que permite tudo, a felicidade e a infelicidade, sem ela falta o chão para qualquer outro projeto humano. O fato mais grave é verificar que estão se acabando os recursos na despensa. Já tocamos os limites da Terra. As reservas da Terra estão se acabando e já precisamos de mais de um planeta para atender a nossas necessidades”.

É impossível ficar indiferente ao fato de atingirmos a capacidade máxima de recursos do planeta. Boff continua:

“Até 1961 precisávamos apenas de 63% da Terra para atender às nossas demandas. Com o aumento da população e do consumo, já em 1975 necessitávamos de 97% do globo. Em 1980 exigíamos 100,6%. Em 2005 já atingíamos a cifra de 1,4 do planeta. Em 2015, 1,6. Se hipoteticamente quiséssemos, dizem-nos biólogos e cosmólogos, universalizar o tipo de consumo que os países opulentos desfrutam, seriam necessários 5 planetas iguais ao atual”. 

Nestes escritos, cada um dos autores trata sobre aspectos da cobiçada poção mágica para sorrisos eufóricos. Entrelaçados na rede do misticismo ou simplesmente plantados às terras do equilíbrio entre simplicidade e natureza.

Betto, vamos lá

“Há que distinguir felicidade, alegria e prazer. Prazer é agradar os cinco sentidos. Prazer é momentâneo, epidérmico. A alegria também é momentânea. Ninguém sente prazer ou alegria em estado de apuros ou enfermidade. Porém, ainda assim pode se sentir feliz, basta saber integrar as adversidades ao sentido que imprimiu à sua própria existência”.

Faz sentido? Para finalizar as sublinhadas de cada autor, o professor Cortella deixa sua contribuição, dentro do viés de que as satisfações se dão por momentos. Que possamos jogar o cotidiano com um tanto a mais de leveza.

Mário, vem cá, por favor

“Felicidade não é um estado contínuo, não pode e nem deve sê-lo. E nem seria possível, pois colocaria a pessoa próximo do estado de demência. Não se confunda felicidade com euforia. É claro que é possível fazer escolhas e preparar-se para atingir objetivos. Mas muita gente alimenta o ideal de ‘um dia vou ser feliz’. Não, a felicidade não é um lugar onde se chega depois de um tempo”.

O horizonte clareia, viabiliza sutileza e maior desprendimento. Afinal, a felicidade não é o cume, mas o caminho. Em meio às pedras. Mas, sim, o caminho. Prossiga, mestre:

“Cabe a cada indivíduo ir construindo no cotidiano as circunstâncias para que a felicidade venha à tona. A percepção de felicidade é essa vibração intensa com um sentimento de que a vida flui dentro de mim e me deixa plenificado. Isso significa que eu posso ter a felicidade como um episódio, mas não consigo tê-la como um contínuo e nem devo tê-la. Assim o fosse, como reafirmo, não a sentiria”.

Felicidade é oferecer esse respingo de ânimo para você, caro leitor.

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