Os primeiros 1000 km

Dia 06 – Pouco depois da saída enérgica de La Paloma, já em direção às belezas estonteantes de Punta del Este, venci o primeiro milhar de quilometragem. Contente em estar firme, íntegro e disposto. Feliz pela pequena máquina ter me trazido com segurança e conforto até estas longas distâncias.

Ainda antes de iniciar nas rotas, já estava em contato com a Fernanda, argentina de Córdoba, através do Couchsurfing. Estávamos na busca de um lugar em comum para juntarmos companhia e compartirmos experiências no litoral uruguaio. Neste mesmo pico, ela foi aceita por um anfitrião e me adicionou no pacote.

Cheguei à tarde em Punta del Este, dei de cara com a concorrida mão afligida no areal e, adiante, me juntei ao almoço com a Fer. Partimos à praia na sequência. Dia ininterrupto de calor, de sol inteiro e areias lotadas. Fizemos longas caminhadas e boas ideias foram lançadas. Câmbio contínuo, novas palavras em espanhol, gírias, sotaques e variedades de sorrisos.

Guarda-vidas do Mediterrâneo

À noite, me encontrei com o Leo, nosso anfitrião. Montevideano, vivido na Espanha, salva-vidas em Barcelona, pai da Amelie (filha de britânica), publicitário pelas bandas de Punta. Nos preparou a janta e serviu vinho. Contou de sua conferência na famosa rede de disseminação de ideias, TED Talks – à cidade de Durazno, região central do Uruguai.

Na palestra, devidamente registrada pelas bandas do streaming, o Leo fala sobre suas proezas em tentar importar uma bebida nova alemã, à base de mate. Logo no país detentor da tradição do mais puro mate de cuia, bomba e térmica sob os braços. O resultado: “refresco de mate?” Não aqui.

Na manhã seguinte, guiados por Leo, fomos à praia de Punta Ballena, famosa por ser a localização da estimada Casa del Pueblo. Na volta, almoçamos umas delícias da casa em um restaurante bem próximo do apartamento do Leo. Após outros vasculhos pela cidade durante a tarde com a Fer, fomos todos em busca de um lugar para jantar.

Retornamos à península de Punta Ballena e estacionamos em um restaurante rústico. Com diferentes ambientes, teto baixo e luz suave, o lugar oferecia música ao vivo em um palco localizado ao fundo das dependências. Ao ar livre, de frente para muitas mesas e cadeiras lotadas, ladeado por plantas altas. Grata surpresa da trinca de irmãos formadores do instrumental Trío Ibarburu. Jazz fusion de primeira linha.

Bandeiras de escotismo a postos

Outra ponta triste nesta costura sem fim que são as despedidas na estrada viria. Na manhã seguinte, a Fernanda se foi em direção à costa norte, literalmente envolvida com sua parafernália de escoteira que é. Mas não sem antes ter jogado sementes de singularidade. Desbravando o mundo com sua mochila, seu caráter e sua fome de aventura. No outro dia, seria minha vez de deixar o 9º andar do edifício no centro dessa Punta, crivada de belezas e memórias.