É preciso arriscar-se de vez em quando

O lendário motociclista neozelandês Burt Munro é retratado com fineza pelo gênio Anthony Ropkins nesta película que é uma verdadeira mostra de prazeres, sob a ótica do diretor e roteirista Roger Donaldson.

“Você vive mais em cinco minutos em uma moto assim, do que algumas pessoas vivem a vida toda”

Nesta majestosa história real, acontecida na década de 1960, o velho mecânico Burt, irreverente, generoso e ousado, após bater suas metas em terra natal e australiana, quer estabelecer um novo recorde de velocidade nos pisos de sal de Boneville, Utah, na América do Norte. Detalhe: sua morada fica na Oceania.

O bom velhinho terá de atravessar o planeta para conseguir o feito e realizar seu grande sonho de conseguir os números em cima de sua motocicleta Indian Scout ano 1920 (fabricante de motos mais antiga do mundo), que ele prepara há mais de vinte anos para garantir o título da categoria abaixo de 1000 cilindradas.

Na peregrinação até seu destino, trava batalhas de costumes, receptividade, hospedaria, grana curta e avarias na estrada. Sem contar os percalços e tensões com os cuidados de sua fragilizada saúde.

“O perigo é o tempero da vida, é preciso se arriscar de vez em quando. É o que faz a vida valer a pena”

Coragem, meus amigos…

Entre zombarias, enfrentamentos e sarcasmos, o intrépido e perspicaz senhor Munro consegue a tão sonhada vaga na disputa pela façanha. Subestimado por portar uma lata velha, ser ele mesmo um idoso inquieto e despojado de equipamentos de segurança, Burt desafia a si e ao mundo. Ele prova que não é preciso muito para realizar vitórias, além de coragem, coração desbravador e espírito aventureiro.

Recheado de cenas de sacar os fôlegos, umedecer as faces e provocar comichões na alma, eis um grande exemplo em como aproveitar as oportunidades, acolher e se deixar ser acolhido. De que não há idades nem limites físicos ou recurseiros para se lançar ao mundo, respirar suas ventanias, escrever seus mapas na memória das realizações. Afinal, somos aquilo que caminhamos.

Assim diria o bom velhinho: “Quem não vai atrás dos seus sonhos, vive como um vegetal. Qual vegetal? Sei lá… Um repolho. É, um repolho”.

Nota: 5/5

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